Sol entre as folhas das árvores - Uma carta ao amor que eu não terei



Me pergunto todos os dias onde foi que eu perdi a menina que não aceitava migalhas. Todos dia eu a procuro. Eu a procuro na determinação de estudar. Eu a procuro na sala de estar. Eu a procuro entre os livros que ela costumava ler, entre as músicas que ela costumava ouvir. Eu peço as vezes a Deus que a traga de volta. Porque ela saberia exatamente como lidar com toda essa situação. 

A menina que eu era em 2013 saberia ser forte para sobreviver a qualquer coisa. Essa era ela. Determinada, forte, franca, ela sabia lutar, sempre enfrentou a dor. Sabia fazer poesia e sabia levantar a cabeça. Mas é claro, as páginas do mundo ao redor dela estavam em branco. Agora, são memórias ruins que a rodeiam. Medo de largar alguém e não ter nunca o amor ao seu lado. 

Sempre acreditei que se eu me dedicasse aos estudos, se eu trabalhasse, orasse, frequentasse a igreja e me mantivesse pura, logo, eu teria o amor NA minha vida como um prêmio pela decisão acertada de ter esperado tanto. De ter me dedicado tanto ao futuro. De ter vivido com o foco correto.

Alguém que fosse chegar iria valorizar essa menina que eu era. Essa pessoa me daria flores, me daria chocolate como quem dá beijos, me daria amor, me daria a paz que eu sempre busquei. A pessoa valorizaria cada história que eu escrevi. Entenderia minhas limitações físicas. Minha falta de vontade de socializar. 

Porque o amor tudo suporta. 

Quando eu pensasse na pessoa, só me viriam memórias belas. Porque as coisas que fossem ruins seriam resolvidas com diálogo. E nesses diálogos, eu seria completamente franca, sem medo de ser largada, porque a outra pessoa estaria a tanto tempo demostrando que me valoriza que eu acreditaria que ele não me deixaria para lá por causa de qualquer briguinha que fosse...

Porque o amor tudo crê. 

Minha referência para o amor é simples, porém, complicada para os dias atuais. Sabe a ideia do homem que tenta de todas as formas, ficar com a mocinha? Sabe quando o rapaz corteja uma menina e até se vangloria para os amigos de ter tido tanta "sorte"? Aquele homem verdadeiramente fiel, que ama, que respeita, que valoriza a instituição mais importante. A família. A razão de toda a espera para a formação de um relacionamento é a família. 

Porque o amor tudo espera.

 Eu não me vejo namorando uma pessoa que não queira comigo constituir uma família. A gente sofre atoa quando começa a criar laços reais com alguém que não manterá. É pedir para se machucar. Porque para esses, o fim é inevitável. Quando falo da dor dos laços rompidos, falo de experiência própria. Tive laços se rompendo dentro de situações nada favoráveis. Eu me esforcei pra vencer. Tanto.Tanto. Tanto. E no final, alguns laços se romperam pela trajetória. Apesar da passagem do tempo, eu nunca a esqueci. Essa companheira infeliz de viagem. A dor. 

Porque o amor tudo suporta.

Li muitos livros sobre o amor. Li coisas maravilhosas. Histórias de romance. Me esforcei a vida toda e esperei pelo amor certo. Pelo cara que iria ver em mim, as qualidades necessárias para me escolher como sua amada. Essa pessoa tomaria café comigo. Beijaria minha testa quando eu estivesse mal. Essa pessoa iria me amar quando eu estivesse quebrada. Essa pessoa escreveria cartas e mais cartas de amor pra mim. Me daria livros usados, só pra me ver sorrir. Me seguraria quando eu estivesse caindo. Essa pessoa não seria o motivo das lágrimas. Ela as enxugaria. 

Me daria um anel. Diria aos meus pais que deseja seu meu namorado. Não exitaria em passar mais tempo comigo. Se lamentaria quando nossos momentos estivessem chegando ao fim. Sentiria uma pontada na hora da despedida. E viria até mim. Quantas vezes fossem necessárias.

Seria pra mim, Komorebi, o sol entre as folhas das arvores. Eu sempre seria sincera porque não teria medo da verdade. Me dedico ao estudo das leis com a força necessária para descobrir a verdade. Infelizmente, não consigo me concentrar quando estou estudando com eles. Isso me magoa profundamente, porque a razão de estar estudando não se trata de mim. 

Eu não amo o direito como digo por aí. Isso é quase um segredo.  Eu estudo para que eu possa dar um futuro melhor para as pessoas que eu amo. O amor me motiva a estudar. Eu não amo o poder. Eu quero poder porque várias pessoas poderosas trataram mal as pessoas que eu amava. Não quero permitir que isso aconteça de novo. A pessoa que eu amo, jamais deveria ser diminuída. Eu procuro estar junto dos líderes. Daqueles que chamam atenção. 

Algumas vezes na minha vida, eu já fui a líder. A que cresceu rápido. A que chamou atenção. A que venceu. E nesses horários eu sabia dizer quem era quem. Quem eu podia amar. Quem eu podia ter por perto. E principalmente, eu sabia identificar quem merecia ser valorizado. Me mantive perto dos líderes porque esses sim, sabem quem deve ser valorizado. A determinação, a coragem, a força para lutar pelos outros. Foram esses atributos que trouxeram a admiração de líderes importantes. 

Mas não foi para eles que eu resolvi permitir que tocassem minhas memórias. Que marcassem a minha vida. 

Eu desejei um conto de fadas, mas não o encontrei. Eu queria ser cuidada e valorizada em atitudes, falar e ações, como nas histórias que eu li. Sempre me esforcei para agradar e sempre sonhei que alguém faria isso por mim. Mas a vida não é um conto de fadas. 

Queria o amor que corteja. Que ama a família, porque sabe que com alguém da família deles, quer construir uma própria. Que entenda que tudo que eu lutei tanto pra conseguir, é na verdade, um prêmio para ser compartilhado. 

Você não vai ter noção agora.  

Mas não tem ideia do quanto eu desejei crescer e vencer as batalhas iniciais, somente pra compartilhar a vitória. Eu te amo sim, eu só queria que os anos passados não fossem em vão. Que meu esforço fosse motivo de felicidade. Que minhas batalhas fossem sua glória. Que você se orgulhasse da mulher do seu lado. E demostrassem com atitudes assertivas que você é aquilo que ela esperou.

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